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Minha experiência com as

 

danças circulares e sagradas

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É uma noite de verão. Uma voz chama para o círculo.  A renda das árvores bordadas pelo fio da lua ilumina uma pequena roda... Mãos dadas no círculo.

Essa  cena dava luz ao apagado da memória de minha infância. Alegria e curiosidade.

Os comandos suaves da voz, qualificava, davam sentido e significado a cada gesto.

Da forma à força.... aquilo era um ritual.

Um canto de amor à Mãe Terra.

Pés firmes no chão, mãos buscando o céu. Eu, um elo no amor do céu pela Terra.

O corpo vertendo. Na transcendência da forma particular à sintonia com tudo o que vive.

A vida pulsava. Eu estava no centro do mundo, tinha encontrado o meu espaço sagrado.

 

 

 

Nasci numa pequena cidade no interior de São Paulo, Mombuca. Cidade dessas em que a nome vem sempre acompanhado de explicações.

Andar pelo mato, subir em árvores. Esconde-esconde, cobra-cega, pega-pega, queimada. Aprender a nadar nas enchentes. Se não nadasse, nada mais seria. Pedalar e me perder nas estradas, sempre buscando ir mais longe. Mais longe fora e mais perto dentro.

Muitos desafios.

Das danças da infância, lembro somente das quadrilhas e das cirandas.

Na adolescência acreditei que tinha perdido o ritmo, a dança foi banida. Entrei em colapso com o meu corpo. Foi efetivamente instalada uma fenda entre mente/corpo.

Fui buscar na Educação Física o elo rompido. Pouco encontrei exceto automatismo, fragmentação, competição e inconsciência.

Nos meus 31 anos estava no limiar de uma vida e grávida de outra. Estava numa encruzilhada. Como eu não trilhava, naquele momento, nenhum caminho, eu tinha todos os caminhos à minha escolha.

Sincronicidade: um convite para o lançamento de um programa de educação que tinha sido inspirado em um modelo indiano, do mestre Sai Baba.

Sai Baba. Essa foi a senha.

No verão de 1995, no cerrado das Gerais, participei da reunião do lançamento daquilo que viria a ser o programa de EDUCAÇÃO EM VALORES HUMANOS da Fundação Peirópolis de Uberaba: o ser humano tocado e estimulado em todas as suas dimensões sendo ligado, conectado, fundido pelo fio do amor.

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Os cientistas afirmam que sem a presença da força

de coesão que há entre os átomos que formam o Universo

ele se desfaria em pedaços e nós deixaríamos de existir.

E assim como existe essa força de coesão na matéria inerte,

deve também existir essa força em todas as coisas animadas.

E o nome dessa força entre os seres vivos é AMOR.

M. Gandhi

 

E foi nesse espaço de múltiplos saberes que tomei contato com as Danças Circulares e Sagradas através de Beatriz Esteves (Bia). Entre as experiências de complexidade, diferentes níveis de realidade, o terceiro incluso, o sagrado, foram, particularmente, as Danças Circulares que me revelaram os espaços subterrâneos, escuros e desconhecidos de mim mesma e ampliaram o que de mim há em mim.

A dança circular permeava todos os encontros. Se no início parecia ser algo extravagante, com o tempo se fez a necessidade, pois dançar trazia uma reorganização interna. Os gestos criando mundos de significados e beleza.  A cada volta na roda algo muito intenso, distante da capacidade de ser verbalmente expresso, acontecia.

E girando e girando eu atravessava mundos. Conseguia ver através do olhar do outro, estendia minha tolerância. A música ampliava meus espaços internos. E nesse girar acessava a memória dos tempos em que muitos, irmanados, tomados pela emoção e vazios de conceitos, derramavam-se em sentir e dançavam em volta da fogueira ancestral.

 Na primavera daquele mesmo ano lembro que tivemos um encontro de dois dias com as Danças Circulares. Mary, vinda de Campinas. Foi um momento muito especial e profundo. Durante a dança do povo de Israel, Tzadik Katamar, eu pude experienciar um quebra de padrão. Algo velho estava se rompendo. Conceitos e crenças sendo quebradas juntamente com as correntes que me aprisionavam. Eu girava e girava. Um grande olho inquisidor se fechava e perdia seu poder. Vozes se calavam.

Eu girava e a cada girar eu ficava embriagada de mim mesma. O êxtase!

Como uma criança que precisa ouvir várias vezes a mesma história, para que possa aprender o caminho que a história a conduz, eu precisava dançar e dançar. De novo e de novo. Eu não podia correr o risco da trilha se perder pelo esquecimento.

Sou muito grata à generosidade e sensibilidade de tantos focalzadores que tive contato, principalmente Bia Esteves, Mary, Renata Ramos. Também gratidão a todos que entraram na roda e junto comigo, criaram um espaço sagrado

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